domingo, 22 de junho de 2008

Revolução Mexicana

INTRODUÇÃO

Chama-se Revolução Mexicana o movimento armado, social e cultural iniciado no México em 1910 por causa da ditadura do general Porfírio Díaz e que culminaria oficialmente com a promulgação de uma nova constituição sete anos depois. Ainda que os surtos de violência continuariam até finais da década de 20. A luta armada começou depois da fraude eleitoral perpetrada em 1910 pelo general Porfírio Díaz Mori, que se tinha mantido de maneira que se ininterrupta na presidência do México desde 1876.

O movimento teve grande impacto nos círculos operários, agrários e anarquistas a nível internacional pois a constituição de 1917 foi a primeira no mundo a reconhecer as garantias sociais e os direitos coletivos dos trabalhadores.

A Revolução

Em 1876, o general Porfírio Díaz, através de um golpe militar, assumiu o poder do país, implantando um governo pessoal que se estendeu até 1911. Durante esse período deu-se a consolidação do capitalismo agrário – exportador no México, onde as imensas propriedades rurais pertenciam a empresas estrangeiras, ou seja, os norte-americanos, tornando-se portanto dependente deste capital.
A presidência de Díaz se caracterizou por impulsionar a industrialização e pacificação do país a custa da exploração das classes camponesa e operária. Os pequenos proprietários e os índios, por causa das grandes propriedades, tiveram suas terras tomadas, e viviam sendo atemorizados pelos índios, por causa das grandes propriedades, tiveram suas terras tomadas, e viviam sendo atemorizados pelos Rurales (força militar).
Além dos Rurales o governo de Díaz tinha o apoio da igreja, dos norte-americanos, do exército mexicano e de um grupo conhecido como científicos. É interessante que, a ideologia deste grupo estava pautada no Positivismo (defendia a concepção de que somente um governo autoritário poderia assegurar o ordem necessária ao progresso) que além de apoiar o autoritarismo era favorável aos investimentos estrangeiros.
Durante o governo Díaz, o México se integrou cada vez mais ao capital norte-americano, que terá a sua penetração no país, controlando, a exploração dos recursos minerais, das ferrovias e das atividades financeiras.
A concentração da propriedade rural, a miséria dos camponeses, a expropriação das antigas terras de uso comum por parte das comunidades indígenas, a insatisfação da burguesia industrial e dos grupos médios levaram a um movimento revolucionário, em 1910, contra o porfiriato.
Nas eleições de 1910, Díaz teve como adversário Francisco Madero, um rico empresário, educado no estrangeiro que simpatizava com as reformas sociais que, fazia vários anos, eram promovidas por intelectuais como Antônio Horcasitas ou os irmãos Jesus e Ricardo Flores Magón.
Apesar de originário de uma família de latifundiários, Madero passou a liderar a pequena burguesia urbana, nacionalista, que organizou o movimento “Anti-Reeleicionista”. Perseguido, foi forçado a exilar-se e tornou-se o símbolo da luta contra a ditadura para as camadas urbanas, inclusive o proletariado.
Com Madero exilado, Díaz pode reeleger-se novamente a Presidência da República em 1910.
Exilado em San Antonio, no Texas, Madero redigiu o Plano de São Luís no qual convocava um levantamento armado que deveria ter inicio a 20 de novembro de 1910 às 18:00 horas. Adicionalmente, o plano declarava nulas as eleições de 1910, não reconhecia o governo de Díaz, nomeava Madero presidente provisório, restituía aos indígenas as terras que se lhes tinha apreendido mediante a lei de baldios e estabelecia o principio de não reeleição para os postos políticos no país.
Diversos rebeldes e caudilhos populares responderam ao chamamento mas nunca formaram um movimento homogêneo nem compartilharam os mesmos ideais. É dentro desse contexto que se insere o movimento revolucionário liberado no sul, por Emiliano Zapata, e ao norte, por Pancho Villa. Nas cidades o movimento popular era constituído pelos operários das fábricas, pelos trabalhadores das ferrovias e pelos portuários. A agitação incluía a criação de sindicatos, a organização de greves a luta por direitos trabalhistas, passeatas de protesto, conflitos com forças da Polícia e do Exército.
A 20 de novembro de 1910 se levaram a cabo treze de confrontos em Durango, São Luís Potosí, Veracruz e Chihuahua. A luta contra o exército federal se estendeu por todo o país mas durou pouco, pois o presidente Díaz renunciaria cinco meses depois.
Depois da renúncia de Díaz, em 1911, a presidência foi entregue à Madero.

O período governamental de Francisco Madero foi marcado por crescente instabilidade em conseqüência:
· Da pressão norte-americana;
· Da pressão de forças contra-revolucionárias internas ligadas ao deposto governo porfirista;
· Da pressão dos setores populares, sobretudo camponeses, exigindo a imediata aprovação de uma legislação trabalhista.
O efêmero governo maderista tinha sido incapaz de pacificar o país e os caudilhos enforcaram a luta contra o novo governo.
Em novembro de 1911, Zapata define o Plano de Ayala, propondo a derrubada do governo de Madero e um processo de reforma agrária sob controle das comunidades camponesas. O plano defendia a reorganização do ejido, a expropriação de um terço dos latifundiários mediante indenização e nacionalização dos bens dos inimigos da revolução. A existência de um exército popular organizado e armado era visto como um ameaça pelo novo governo, pela velha elite e pelos EUA. O avanço popular era contínuo, pois apesar das mudanças no governo, as estruturas sócias econômicas permaneciam sem alterações.
Em 1913 Madero foi desposto e assassinado, assumindo o poder Vitoriano Huerta. Ele foi apoiado pela aristocracia latifundiária que via em Huerta uma oportunidade de restabelecer o sistema de Díaz.
Apoiado pelos porfiristas, somente fez crescer as lutas camponesas onde os líderes locais redigiram esforços para a luta contra o governo.
A pressão dos Estados Unidos, que culminaria na ocupação de Veracruz após o incidente de Tampico, em combinação com as ações dos rebeldes, acabariam por levar à queda de Huerta.
Apoiado pelos revolucionários, Venustiano Carranza chega ao poder com proposta de elaborar uma nova Constituição, de conteúdo liberal e reformista.
O governo Carranza adotou uma série de medidas para consolidar as estruturas políticas: promoveu intenso combate às forças populares tanto no sul como no norte do país, adotou medidas nacionalistas que levaram a nacionalização do petróleo ao mesmo tempo em que fez concessões às grandes empresas norte americanas e organizou uma Assembléia Constituinte (excluindo a participação camponesa).







Com a redução da pressão norte-americana, devido o seu envolvimento na Primeira Guerra Mundial, o governo Carranza pode aprovar a nova constituição em 1917, que apresentava os seguintes pontos:

· O ensino laico;
· A expropriação de terras;
· Fixava as relações entre capital e trabalho, como por exemplo, a jornada de 8 horas;
· Restringiu o poder da Igreja;
· Secularização do clero.

A constituição de 1917, em parte, serviu para desmobilizar os camponeses, fato que contribuiu para o assassinato do líder agravista Zapata. Seu desejo de pacificar o país provou ser mais forte do que sua habilidade para solucionar os problemas que tinham dada origem à violência, assim que, um a um, foi assassinando os rebeldes do movimento.
Apesar de se ter tornado presidente Carranza não conseguiu conter as insatisfações de diversos grupos sociais saturados por vários anos de guerra. Já no ano de 1919, seu governo mostra-se insustentável, perdendo apoio de empresários, operários e até de seu próprio exército para o general Obregón, que após o assasinato de Carranza, elege-se presidente.
O governo de Carranza durou pouco e após sua morte em 1920, Álvaro Obregón assumiu o poder e demonstrou não só ser um hábil militar, pois terminou de pacificar a maior parte do país, senão um hábil político que fomentou a criação e ao mesmo tempo se fez o apoio de múltiplos sindicatos e centrais operárias. Foi sucedido pelo também general Plutarco Elias Calles, que promoveria algumas leis anticlericias que provocariam a Guerra Cristera e fundaria o partido revolucionário Institucional (PRI), que se manteria na presidência da República por mais de setenta anos. Ainda que a reeleição estivesse expressamente proibida pela constituição de 1917, Obregón conseguiu fazê-lo em 1928 mas foi assassinado por um extremista católico antes de tomar posse do cargo.
Com a eleição de Lázaro Cárdenas (1934 – 1940), em meio à crise econômica mundial, responsável pelo enfraquecimento dos Estados Unidos e pelo agravamento das causas que levaram à Segunda Guerra Mundial, a sociedade pode acelerar sua Revolução. Foi um momento histórico de acelerada modernização do país. Contudo, a burguesia mexicana acabou renunciando a muitas das suas conquistas.