quinta-feira, 15 de maio de 2008

MAIO DE 2008, A CONTRACULTURA AINDA VIVE?


MAIO DE 2008, A CONTRACULTURA AINDA VIVE?

Era uma vez, jovens com todas as condições possíveis para se confortarem em suas sociedades liberais, jovens que não precisavam sentir nenhuma ânsia, nenhum repúdio ao verem pequenos países serem massacrados covardemente por super potências em guerras sem sentido algum, porém, estes jovens não se calaram e como uma epidemia mundial, inocularam suas sociedades para amplificar as vozes das minorias, contestando e criticando, construindo movimentos, comunidades, drop-outs em Hash-bury, hippies e beatniks, punks ou new waves, era a new left surgindo na década de 60.

O ano de 1968 teve uma importância impar em meio a todo este contexto, do lado americano, sérios problemas internos estouravam pelas cidades que pareciam ingovernáveis, sobretudo no mês de maio deste mesmo ano, a contracultura vinha em oposição ao conformismo social americano, vários movimentos alternativos ganharam ênfase como os movimentos hippie, negro e o feminista, o grito das minorias era amplificado e espalhado por diversas partes do mundo, desde as “gerações douradas” em seus campus universitários, até mesmo no Brasil representado pelo Movimento Estudantil contra o regime militar.

Todos estes movimentos do mês de maio estavam em grande parte atrelados aos acontecimentos vindos do Vietnã, sobretudo em janeiro com a ofensiva do Tet (ano novo lunar vietnamita), quando a Frente de Libertação Nacional (FLN), organizada pelos soldados comunistas vietcongs do Vietnã do Norte atacaram o Vietnã do Sul, provando a impossibilidade de uma vitória americana.

Daí para frente, em retaliação ao pequeno país, intensificou-se o uso de armas químicas como o napalm, além de bombardeios maciços e massacres a civis.

Passa-se então, a partir de janeiro de 1968 com a agressiva ofensiva do Tet e os movimentos de contracultura em maio deste mesmo ano, a uma conversão do pensamento americano e esta conversão tem como forma de atos de rebeldia de uma parte do povo que tem noção desta falta de sentido que a Guerra do Vietnã toma.

O exemplo então se espalhava por todo o Ocidente, ocupações a universidades se repetiam por todo o mundo, as lutas pela igualdade racial e feminista avançavam a medida que os manifestos tomavam conta da sociedade.

Contudo, apenas analisar o fato histórico, tanto quanto relembrar datas não é o objetivo deste texto, o que queríamos, era construir uma relação entre jovens da década de 60, com nossos jovens de hoje, será que para defendermos objetivos de minorias atiraríamos fora nossas medalhas do ego? Será que em meio a nosso sistema individualista sobraria alguma forma de socializar sentimentos, objetivos? Estes iconoclastas da década de 60 deixaram para alguns o sentimento de mudança, mesmo que por utopia, mas a vontade de reconstruir padrões prevalecia em meio de seus movimentos e grupos.

Fica então o triste contraste para com os representantes de nossa geração, pois em geral, muitos não estão nem preocupados em atuar nos grêmios de suas escolas, quanto mais a contestar seu sistema excludente e elitista ao qual estão envoltos, haja vista, que estes só se dão conta ao se depararem com o mercado que os espera, porém a esperança ainda vive em poucos, pois como diria um revolucionário latino: podem acabar com algumas flores, mas sempre haverá outra primavera.

Fagner Dantas

BIBLIOGRAFIA

· HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

· VIZENTINI, Paulo G. Fagundes. “A Guerra Fria”: In: FILHO, Daniel A. Reis; FERREIRA, Jorge & ZENHA, Celeste. O século XX. O tempo das crises. Vol. 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

· PAMPLONA, Marco A.. Revendo o sonho americano: 1890-1972. São Paulo: Atual Editora, 1995.